Cheguei a casa em pés de lã, larguei as malas à porta, e de cima das escadas vinha um frio de noite, que assobiava aos ouvidos e, por vezes, parecia chamar o meu nome. Segui-o e lá estavas tu, à varanda, com o livro fechado sobre as cochas e o olhar preso ao céu petróleo, enquanto a brisa te balançava os cabelos. Não fiz barulho, mas fui até ao quarto acender um cigarro e dali podia ver o teu perfil e a forma como a lua te deixava pálida e, de repente, parecias uma fada e frágil e pequena. Quis agarrar-te. Segurar-te contra o peito e dizer que está tudo bem, que tudo é bonito se fecharmos os olhos e dançarmos com o silêncio. Olhei de relance para o céu e depois para ti. Tu não és como a noite. Tu és como a manhã. Em ti não cabem sombras e é tudo jovem, como se o rio sempre nascesse e o sol fosse criança. Depois mexeste-te um pouco e achei que te ias levantar, e levantaste-te, e eu fiquei. Um pouco mais. Só um pouco mais, e irias encontrar-me. Só um pouco mais, e talvez a noite não chorasse. Só um pouco mais, e irias sorrir. Só um pouco mais, irmã, só um pouco mais, e tocas o meu abraço. Amo-te.
quase que me deixas em lágrimas. amo-te. obrigada
ResponderEliminaradorei, mesmo. estou a seguir.
ResponderEliminarhttp://sofiaramos57.blogspot.pt